No passado dia 11 de Janeiro realizou-se em Berlim a 19ª Conferência Rosa Luxemburgo, promovida por organizações do movimento da paz e movimentos sociais alemães.
A presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, participou na conferência.
Transcrevemos abaixo a sua intervenção.
“Companheiras e companheiros, senhoras e senhores,
O ano que se inicia assinala o centenário de um dos mais cruentos conflitos militares da História, que cobrou altíssimo preço à Humanidade. Há cem anos, no dia 31 de julho de 1914, era declarada a Primeira Guerra Mundial, uma carnificina que provocou a morte de aproximadamente 10 milhões de pessoas, o triplo de feridos, além de gerar grandes prejuízos econômicos, com a devastação de campos agrícolas e a destruição de indústrias. Na Alemanha, dois grandes revolucionários ousaram denunciar essa guerra e se recusaram a apoiá-la. Eram eles Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo.
Para Rosa, a Primeira Guerra Mundial era fruto da disputa interimperialista, que poderia levar a dois desfechos distintos: ao fim do capitalismo ou à regressão civilizatória da humanidade, o que ficou célebre em sua frase: “socialismo ou barbárie”.
Aquela guerra foi o corolário dos gravíssimos problemas econômicos, sociais e geopolíticos nas principais nações europeias, numa época em que o capitalismo atingia uma nova etapa, a do imperialismo, caracterizado como capitalismo monopolista, domínio do capital financeiro, exportação de capitais, saque das matérias-primas, açambarcamento de mercados, intensa concorrência comercial e luta feroz entre as potências políticas e militares pela partilha do mundo.
As classes dominantes da época, à frente de diferentes nacionalismos, disputavam a dominação sobre os recursos, mares, continentes e povos do planeta.
Quanto mais os países europeus se industrializavam, maior era a disputa entre eles, que queriam dominar não apenas a Europa, mas modernizar sua economia sobrepondo-se às outras nações.
A disputa acirrada pelas fontes de matérias-primas e o mercado mundial levou os países imperialistas a investirem colossais recursos em tecnologia de guerra e fabricação de armamentos, construindo assim poderosas forças armadas. Essas potências desenvolveram as chamadas políticas de alianças, a diplomacia secreta e assinaram tratados políticos e militares que dividiram os países em blocos. A divisão colocava de um lado a Alemanha, a Itália e o Império Austro-Húngaro, que formavam um dos blocos, e do outro a Inglaterra, a França e a Rússia, que compunham a Tríplice Entente.
"O combate pela paz é o mais sagrado dos combates", dizia Jean Jaurés, um dos mais vibrantes líderes do movimento pela paz no início do século 20, assassinado no exato dia em que a Primeira Guerra Mundial foi declarada. Ao invocar sua ação pacifista e seu martírio durante o prelúdio da deflagração da Primeira Guerra Mundial, reafirmamos o nosso compromisso e a nossa concepção quanto à prioridade desta luta para os destinos da Humanidade.
Diuturnamente, o conselho mundial da paz e organizações afiliadas, somamos os nossos esforços – e devemos fazê-lo sempre mais – aos de todos os homens e mulheres progressistas, ativistas sociais e políticos na condenação aos atos de guerra, ao intervencionismo, às agressões, ao uso da força, ao militarismo, às políticas de alianças dos países imperialistas contra as nações mais débeis. Somos solidários com os povos e nações agredidos, defendemos a cooperação internacional, a autodeterminação dos povos, o princípio da soberania nacional e da não intervenção, a solução pacífica dos conflitos e diferenças entre os Estados e o exercício de um papel proativo nessa direção por instituições internacionais credíveis, democráticas, verdadeiramente multilaterais e apegadas ao direito internacional.
Não nos iludimos, porém. A verdadeira paz não será alcançada enquanto perdurarem relações de dominação e opressão, de classes e de nações, enquanto vigorar e se agigantar o sistema imperialista, o qual impõe relações econômicas e sociais injustas, como políticas de força e agressão. A paz só pode tomar corpo com a vitória da luta dos povos de todo o mundo por um novo ordenamento político, econômico e social com traços essencialmente distintos dos atualmente vigentes, com a edificação de uma nova sociedade.
A experiência histórica, não só da Primeira Guerra Mundial aqui mencionada, mas também da Segunda Guerra Mundial, deflagrada também num quadro de disputas interimperialistas e de tentativa de destruir o socialismo na antiga União Soviética, demonstra que as guerras não são fruto de casualidades, nem da decisão pessoal de presidentes, generais, monarcas ou ditadores.
As guerras resultam do desenvolvimento de leis econômicas e sociais objetivas, constituem um fenômeno inerente ao imperialismo. A despeito disso, não somos fatalistas. A guerra não é inevitável, malgrado as tendências agressivas das potências imperialistas. É possível inverter o curso dos acontecimentos e impedir novas tragédias se os trabalhadores e os povos lutarem por seus direitos, pela autodeterminação, pela paz e assim impedir a concretização dos planos imperialistas.
A dominação imperialista, voltada para a obtenção do lucro máximo em favor dos monopólios e da oligarquia financeira, conduz necessariamente ao emprego da força bruta, à conquista de novos territórios, fontes de matérias-primas e mercados para a exportação dos capitais e dos produtos fabricados. Na época do imperialismo, quando as principais potências capitalistas já dividiram entre si a dominação do mundo, toda modificação da correlação de forças entre elas conduz à luta por uma nova divisão do mundo, o que em geral fazem por meio da guerra.
Companheiras e companheiros, senhoras e senhores,
O mundo hoje vive uma situação política inteiramente diferente dos períodos das primeira e segunda guerras mundiais, mas a essência do imperialismo não muda.
A presente conjuntura internacional é fortemente marcada por uma profunda crise econômica, que evidencia a natureza espoliadora e opressora do sistema capitalista-imperialista.
A grande burguesia monopolista-financeira e os governos a seu serviço movem uma brutal ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e dos povos e empenham-se em desenfreado saque das riquezas dos países.
A crise cobra impagável preço às massas populares, cujo padrão de vida e direitos são atacados. O desemprego, a fome e a miséria formam um cenário dantesco nos países capitalistas, desenvolvidos ou não.
A crise torna mais agudas as contradições e a luta entre as potências imperialistas por mercados, fontes de matérias primas, controle dos mares e oceanos e regiões estratégicas, o que só pode ser feito com o aumento do militarismo, da multiplicação de bases militares, de intervenções e atos agressivos contra países e povos soberanos. Neste quadro, é imperioso constatar que a crise do sistema capitalista-imperialista aumenta o perigo de guerra, seja de guerras localizadas, como de confrontos de maior envergadura.
Companheiras e companheiros, senhoras e senhores,
As ameaças à paz mundial e a autodeterminação dos povos provêm de uma brutal ofensiva imperialista, militarista e antidemocrática levada a efeito pelo imperialismo estadunidense e outras potências, sobretudo as que hegemonizam a União Europeia e integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
São muitos os componentes desta ofensiva, assim como são variados os focos de guerra.
Há exatos três anos, uma coalizão de potências imperialistas atacou a Líbia, sob o pretexto de democratizar o país. Novos conflitos sobrevieram na região a partir da desagregação provocada pela intervenção na Líbia, o que, por sua vez, utiliza-se como pretexto para novas intervenções no noroeste da África. No contexto da abertura dessas novas frentes de guerra no continente africano, os países imperialistas empenham-se na criação do Africom, o comando africano, para coordenar ações de ingerência e agressão militar.
A situação no Oriente Médio continua concentrando a principal atenção da estratégia militarista e intervencionista dos Estados Unidos. Um balanço dos principais temas no Oriente Médio inclui, inevitavelmente, o papel dessa potência como responsável pelas turbulências e instabilidade na região.
Prossegue o genocídio perpetrado pelos sionistas israelenses contra o povo mártir da Palestina, vítima de prolongada ocupação. Persiste a agressão imperialista contra a Síria, desestabilizando e alimentando o perigo de um conflito em toda esta região; a manutenção de fato da ocupação do Iraque, hoje dilacerado sob um terrível conflito sectário; o Afeganistão e o Irã seguem no foco das atenções do imperialismo.
No conflito entre Israel e os palestinos, no acordo nuclear com o Irã, no conflito na Síria e no uso de drones para ataques na Ásia Central, os EUA estão ativamente envolvidos nas questões de maior relevância na região, desempenhando sempre um papel intervencionista e posicionando-se contra os interesses dos povos.
A instabilidade que domina a região é comprovadamente determinada pelas articulações estadunidenses, através da sua aliança inabalável com o sionismo e o Estado agressivo de Israel, assim como com as monarquias autocráticas da região, como a Arábia Saudita, entre outras.
No Afeganistão, mais de uma década se passou desde a invasão criminosa liderada pelo governo do ex-presidente George W. Bush.
A desmilitarização e a independência afegã são exigências fundamentais para o desenvolvimento desse país centro-asiático. O país vive situação de extrema pobreza e vulnerabilidade. Ainda assim, os EUA pressionam o governo afegão, para manter as suas tropas no país além de 2014, prazo estipulado para a retirada total, a tal ponto que o presidente do país, Hamid Karzai, insuspeito de ser anti-imperialista, ter chegado a dizer que os EUA têm postura colonialista.
No Egito, as Forças Armadas voltaram a empalmar o poder. A relação das classes dominantes egípcias com os EUA, malgrado as contradições, é uma herança dos acordos de Camp David, da década de 1970, com Israel, que garantiram ao Egito o financiamento militar anual bilionário norte-americano. Nas próximas semanas, a realização de um referendo para aprovar a Constituição – elaborada por uma comissão do governo interino, respaldado pelo Exército – ainda tem muitos obstáculos a saltar.
O domínio e a divisão colonialista de toda a região deixaram marcas profundas e determinaram que prevalecessem as divisões sectárias, politicamente manipuladas e instrumentalizadas pelas potências. O governo do presidente Barack Obama segue a tradição, num rastro longo de ingerência política, "sutil" ou agressiva, intensificado antes pelo governo de George W. Bush em sua criminosa “guerra contra o terrorismo”.
Obama esteve ativamente engajado nas sanções contra o Irã - política iniciada ainda em 1979, quando a Revolução Islâmica derrubou uma monarquia autocrática apoiada pelos EUA - e na promoção da intervenção militar contra a Síria, ambas as empreitadas extremamente malsucedidas, mas que marcaram um período importante do ano passado. Obama ficou isolado enquanto bradava pela intervenção militar na Síria, já que seus apoiantes, o Reino Unido e a França, foram impedidos por seus Legislativos e por protestos civis de tomarem parte ativa no processo e potências como a Rússia e a China exerceram pressão política e diplomática em sentido contrário.
Foi nesse quadro que tanto na questão do conflito sírio quanto na do programa nuclear iraniano, o presidente dos Estados Unidos foi obrigado a sentar-se à mesa de negociações.
Na Síria, assim como no Líbano, as tensões sectárias têm se intensificado. O conflito armado no primeiro fica cada vez mais evidenciado como algo construído desde o exterior, por muitos atores: Estados Unidos, Reino Unido, Arábia Saudita, Catar, Turquia e Israel. A ingerência externa nesse país é evidente em diversas frentes: política, militar, financeira e midiática.
A manipulação da informação, o envio de mercenários, de armas e de extremistas religiosos são estratégias já comprovadas, mas ficam ainda mais evidentes com a agressividade dos discursos de Obama, dos chefes de Estado do Reino Unido, da França, de representantes da monarquia saudita e do sionismo.
O evento ainda não esclarecido do ataque químico à região de Ghutta, próxima a Damasco, que matou inúmeros civis, parecia a desculpa perfeita para as potências intervirem, com discursos inflamados e encenados sobre uma "linha vermelha" cruzada, com o uso de armas químicas, num ataque cuja autoria ainda hoje não foi estabelecida oficialmente, nem mesmo pelos inspetores internacionais, que investigam no país a convite do governo.
Num gesto diplomático, a Síria ratificou a Convenção para a proibição das Armas Químicas, convidou inspetores internacionais para investigarem e para conduzirem a destruição do seu arsenal e da capacidade de produção de armas químicas e continuou instando a oposição a sentar-se à mesa de negociações, definindo, com a participação crucial da Rússia, uma data para a Conferência Internacional de Genebra 2. Enquanto isso, os grupos armados sofrem sucessivas derrotas militares.
Entretanto, Israel mantém um estoque não declarado de ogivas nucleares, recusa-se a adotar a Convenção para a Proibição de Armas Químicas e o Tratado de Não Proliferação Nuclear e segue impedindo a visita dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Está aí mais um exemplo do que praticamente só a aliança com os Estados Unidos pode garantir ao Estado sionista: empreender discursos e ações agressivos, possuir armas nucleares e químicas – e no caso destas, empregá-las sem consequências, como ocorreu no Líbano e na Faixa de Gaza, em guerras recentes – e continuar incólume.
O transbordamento do conflito na Síria também se evidencia no Líbano. O país tenta renovar um governo de contornos complexos, distribuído pela Constituição entre as diferentes linhas religiosas, mas as tensões internas e a instabilidade regional tornam este um objetivo desafiador. As investidas desestabilizadoras, segundo a esquerda libanesa, têm empenhado esforços decisivos para fragmentar o país, aprofundando disputas políticas internas fundamentais.
O militarismo é inseparável da estratégia política do imperialismo. Os principais países membros da Otan aumentam as suas despesas militares. A Otan, desde as guerras que destruíram a antiga Iugoslávia, superdimensionou seu papel e reforçou seu caráter de braço armado do imperialismo estadunidense e da União Europeia para viabilizar as intervenções armadas no continente europeu e fora dele, reforçando também a militarização de blocos políticos e econômicos.
A estratégia militar do governo de Barack Obama mantém o objetivo de instalar um sistema de defesa antimísseis e fortalecer o pacto militar agressivo da Otan. Esta estratégia prevê a perseguição e o assassinato de pessoas “suspeitas de praticar ou planejar atos terroristas”. Ultimamente, o Pentágono acrescentou às motivações invocadas anteriormente para intensificar suas ações militares o pretexto das "ameaças cibernéticas".
A "Doutrina Obama" mantém os planos de ataques preventivos ou represálias militares contra as ameaças à "segurança nacional", os "direitos humanos" e a "democracia".
Para além disso, o imperialismo estadunidense instalou bases militares em todos os continentes. Domina os mares, continentes e o espaço aéreo, além de ser a maior potência nuclear.
A militarização é uma das principais características da situação internacional e o aspecto essencial da política imperialista para oprimir os povos e garantir seus interesses. A Otan aumentou o número de seus membros e ampliou sua área de operações, aumenta constantemente seu gasto militar e realiza investimentos na criação de novas armas. Participa em numerosas operações militares em várias regiões. Pretextos como a “luta contra o terrorismo” e o estabelecimento da “democracia”, têm sido utilizados na tentativa de legitimar a ampliação das operações militares da Otan a novas áreas geográficas.
A América Latina e o Caribe estão incluídos nestas concepções e ações militaristas da Doutrina Obama e no alvo de sua ofensiva desestabilizadora. A Quarta Frota da Marinha de Guerra dos Estados Unidos, as 76 bases militares, o desenvolvimento das forças e meios militares dos Estados Unidos para intervir em qualquer parte da região, a sabotagem sistemática aos governos progressistas, o bloqueio a Cuba e os intentos de derrotar a Revolução Bolivariana, tudo isto se inclui na Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos.
As provocações à República Popular Democrática da Coreia; as crescentes tensões em territórios da ex-URSS mirando a Federação Russa, a militarização do Pacífico Sul e as crescentes provocações visando a República Popular da China – são também elementos da estratégia agressiva e expansionista do imperialismo.
Companheiras e companheiros, senhoras e senhores,
Há 65 anos, quando a Humanidade saía das trevas do fascismo e conquistava a democracia, com a vitória dos povos e das forças antifascistas na Segunda Guerra Mundial, o Conselho Mundial da Paz surgia para organizar a luta contra as ameaças de uma nova guerra e a ameaça de hecatombe nuclear.
Naquele momento, quando as forças obscurantistas do imperialismo demonstravam seus apetites hegemonistas e revelavam-se dispostas a ir às últimas consequências para assegurar seus objetivos, intelectuais e operários progressistas de todo o mundo reuniam-se para conjurar os novos perigos com que se defrontava a Humanidade.
Menos de cinco anos antes, surgia a Organização das Nações Unidas, cujo objetivo principal era criar e colocar em prática mecanismos que possibilitassem a segurança internacional, o desenvolvimento econômico, a definição de leis internacionais, o respeito aos direitos humanos e o progresso social. Garantir a paz mundial, opor-se a qualquer tipo de conflito armado, dirimir pacificamente os conflitos entre os estados nacionais e assegurar a plena soberania nacional e autodeterminação dos povos, eram e continuam sendo nobres princípios, ideais e objetivos, aos quais aderem todos os amantes da paz no mundo.
Ao longo de sua história, o Conselho Mundial da Paz tem defendido estes princípios e se opõe por palavras e atos às guerras imperialistas, às violações ao direito internacional, ao intervencionismo que adultera e derroga a autodeterminação dos povos.
O Conselho Mundial da Paz, com mais razão nos dias de hoje e tendo em vista a complexa situação internacional aqui exposta, expressa a sua profunda e frontal oposição à crescente agressividade do imperialismo, sistema que causa guerras, miséria e destruição enquanto garante lucros ao grande capital e aos monopólios transnacionais.
É nosso princípio inalienável a plena solidariedade com os povos em luta contra todo o tipo de ameaças e intervenções imperialistas, aos povos sob ocupação e a todos os povos que lutam pelo direito de livre e democraticamente determinarem o seu futuro.
O Conselho Mundial da Paz defende por princípio a abolição de todas as armas nucleares e denuncia aqueles que admitem a sua utilização num primeiro ataque. Tornamos nossa a divisa de nossos fundadores de que em qualquer circunstância o ataque nuclear deve ser evitado e que o uso das armas nucleares é crime de lesa-humanidade.
Defendemos a paz mundial, com justiça social, distribuição de renda e de riqueza, democracia, soberania nacional e desenvolvimento.
Lutamos pela paz mundial, contra as guerras de ocupação, em defesa da soberania de todos os povos e nações.
Denunciamos os crimes de guerra, os massacres de populações civis, a abominável prática da tortura e defendemos os Direitos Humanos;
Prestamos solidariedade a todos os povos que lutam por seus direitos sociais e políticos e pela autodeterminação.
Em nome destes princípios e compromissos, o Conselho Mundial da Paz convida todos a unirem os seus esforços pela paz como condição de liberdade, de combate à miséria, de proteção à natureza, de desenvolvimento nacional, de democracia e independência, no reforço ao espírito de solidariedade com toda a humanidade .
A humanidade toma consciência da necessidade urgente da paz mundial para que possa organizar a vida dos povos e usufruir as conquistas científicas que enriqueceram o conhecimento humano.
Em todo o mundo os povos manifestam-se contra as guerras, a violência e as injustiças que têm sido promovidas por elites que exercem o poder absoluto no planeta através da concentração dos recursos econômicos, políticos e bélicos. Em defesa da democracia, os povos condenam a escalada do autoritarismo que os transformam em escravos dos desígnios imperialistas.
A luta pela paz é uma luta de todos os povos, um combate dos trabalhadores, da juventude, das mulheres, dos intelectuais, independentemente de ideologias, organizações partidárias, filosofias e credos religiosos. O Conselho Mundial da Paz considera-se um dos instrumentos dessa luta e está disposto a unir-se com todos os que se mobilizem e organizem na luta contra a guerra e seus fautores.
A luta popular da atualidade é complexa, refletindo a própria complexidade do mundo contemporâneo, as modificações de correlações de forças políticas engendradas por mudanças de natureza geopolítica nas últimas duas décadas. Reflete também as mudanças econômicas e sociais, o desenvolvimento das forças produtivas e os novos fenômenos da sociedade contemporânea.
A luta pela paz desenvolve-se nesse contexto e é transversal às demais lutas políticas, econômicas e sociais. Seu êxito depende da mobilização e da união das forças progressistas e de todos os setores sociais suscetíveis de se unir e mobilizar, pois o inimigo é poderoso.
É para esta união que nos disponibilizamos e convocamos todos, na certeza de que, apesar de sua brutalidade e força o imperialismo não é invencível e será derrotado pela união e luta dos povos.”